Sobre nós

A organização cultural FILE – Festival Internacional de Linguagem Eletrônica – pretende disponibilizar por meio do acervo digital FILE ARQUIVO itens que compõem a história de 22 anos de eventos realizados em prol do desenvolvimento e da promoção da Arte e Tecnologia no país. O arquivo se propõe a ser um repositório de ideias e suportes que foram explorados criativamente pelas vanguardas da arte eletrônica em suas respectivas épocas e continuam a fomentar novas práticas e estudos acadêmicos nas mais diversas áreas da produção artística na era digital, como instalações, performances, videoarte, arte sonora, animações, games, webarte, bioarte, NFTs, arte algorítmica etc. Esse conteúdo narra atualmente a participação de artistas de mais de 48 países.

Co-fundado por Paula Perissinotto e Ricardo Barreto, o FILE FESTIVAL tornou-se uma plataforma cultural brasileira de visibilidade internacional que incentiva artistas e estimula manifestações estéticas e científicas produzidas em arte digital. Desde a sua primeira realização em 2000, a organização mantém um vasto acervo de documentos e registros enviados por criadores para participação em chamadas de inscrição para projetos. O conteúdo reunido nesses 22 anos tornou-se uma relevante fonte de dados para entender as transformações na área de pesquisas, do passado e da atualidade, das estéticas ligadas à tecnologia.

O acervo é composto por itens inicialmente arquivados em ambiente físico, como biografias, sinopses, informações sobre simpósios, workshops, performances e premiações do festival, bem como itens nato-digitais, como publicações e registros fotográficos de exposições e obras. A organização incipiente desse conteúdo teve início em 2012 com Gabriella Previdello, pesquisadora e curadora digital que, após um ano de dedicação ao arquivo físico, transformou sua investigação em uma dissertação de mestrado publicada em 2013, intitulada “Tratamento da informação nas artes digitais: uma abordagem contemporânea da documentação em meios tecnológicos”, sob orientação da Profa. Dra. Marilda Lopes Ginez de Lara, na Área de Concentração: Cultura e Informação, como parte da linha de pesquisa Organização da Informação e do Conhecimento da Escola de Comunicação e Artes da Universidade de São Paulo. 

Atualmente, Paula Perissinotto retomou o processo de organização do vasto acervo físico do festival como objeto de pesquisa em seu doutorado, sob orientação da Profa. Dra. Silvia Laurentiz, na área de Poéticas Visuais, também na Escola de Comunicação e Artes da USP. A cofundadora do festival idealizou o FILE ARQUIVO e iniciou a adequação do conteúdo físico para a disponibilização online, por meio de catalogação e digitalização. O projeto é também uma continuidade dos encontros FILEALIVE / ARQUIVOVIVO, realizados pela organização em março de 2021, que articulou em prol da memória e da preservação da arte digital alguns dos principais arquivos voltados para a preservação e disseminação do conhecimento artístico contemporâneo, como o ISEA Symposium Archives, o Archive of Digital Art  e o Ars Electronica Archive. 

Também durante os encontros online, o professor Dalton Martins, do Programa de Pós-graduação em Ciência da Informação PGGCinf da Faculdade de Ciência da Informação (FCI) na Universidade de Brasília (UnB), apresentou o software livre TAINACAN como uma alternativa altamente flexível para repositórios digitais. A ferramenta, que tem nome de origem tupi-guarani, é ligada à Universidade Federal de Goiás e forma, junto com a UnB e o Instituto Brasileiro de Informação em Ciência e Tecnologia (IBICT), a sua tríade de sedes. O desenvolvimento do software teve início em 2014 como elemento técnico e acadêmico integrante de uma política nacional de acervos digitais do Ministério da Cultura, sendo utilizado em inúmeros arquivos de instituições brasileiras centrais na preservação da memória nacional, como o Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (IPHAN), o Instituto Brasileiro de Museus (IBRAM), e a Fundação Nacional de Artes (FUNARTE).  

O software de código aberto foi escolhido como a base de gerenciamento de dados que organizará e compartilhará, de forma gradual, acessível e gratuita, os itens do acervo FILE FESTIVAL. A instituição tem o compromisso de tornar disponível todo o conteúdo gerado ao longo das duas décadas de produção. Para isso, o input inicial no arquivo digital será correspondente aos últimos 5 anos de eventos (2019 a 2015). Parte dos dados também será adicionada ao Wikidata, banco de dados multilíngue colaborativo das plataformas Wikimedia, que opera como repositório de armazenamento central e conecta coleções por meio da organização unificada de metadados. Essa linguagem comum possibilita a interconexão entre bases de dados de instituições parceiras como, por exemplo, as participantes do Projeto GLAM (do inglês Galleries, Libraries, Archives & Museums) da Wikipédia lusófona, projeto voltado para temas relacionados à arte, cultura e educação, com o qual o FILE também passa a colaborar fornecendo informações do seu acervo.

Em paralelo à digitalização, o vasto acervo físico do festival segue em processo de inventariação e catalogação, para futura institucionalização. O FILE acredita que a cessão do conteúdo contribui diretamente para a circulação de informação especializada e com a criação de novos projetos e pesquisas em arte e cultura no país. O projeto é apoiado pelo Edital ProAC Expresso Lab, que visa a produção e realização de festivais de cultura e economia criativa em espaço online, suporte fundamental para a atividade do projeto.