A organização cultural FILE – Festival Internacional de Linguagem Eletrônica – tem como objetivo disponibilizar, por meio do acervo digital FILE ARCHIVE, os itens que compõem a história de 25anos de eventos dedicados ao desenvolvimento e à promoção da arte e tecnologia no Brasil. O arquivo se propõe a ser um repositório dinâmico de ideias e suportes que foram explorados criativamente pelas vanguardas da arte digital em suas respectivas épocas, continuando a fomentar novas práticas e estudos acadêmicos nas diversas áreas da produção artística na era digital, como instalações, performances, videoarte, arte sonora, animações, games, webarte, bioarte, arte algorítmica, entre outros. Atualmente, esse conteúdo narra a participação de artistas de mais de 48 países.
Co-fundado por Paula Perissinotto e Ricardo Barreto, o FILE FESTIVAL se consolidou como uma plataforma cultural brasileira de visibilidade internacional que incentiva artistas e estimula manifestações estéticas e científicas produzidas na arte digital. Desde sua primeira edição em 2000, a organização mantém um vasto acervo de documentos e registros enviados por criadores para participação nas chamadas de inscrição para projetos. O conteúdo reunido ao longo desses anos tornou-se uma fonte relevante para entender as transformações na área de pesquisa e nas estéticas ligadas à tecnologia. O acervo é composto por itens inicialmente arquivados em formato físico, como biografias, sinopses, informações sobre simpósios, workshops, performances e premiações do festival, além de itens nativo-digitais, como publicações e registros fotográficos de exposições e obras. A organização inicial desse conteúdo teve início em 2012 com Gabriella Previdello, pesquisadora e curadora digital que transformou sua investigação em uma dissertação de mestrado publicada em 2013. Intitulada “Tratamento da informação nas artes digitais: uma abordagem contemporânea da documentação em meios tecnológicos”, a pesquisa foi orientada pela Profa. Dra. Marilda Lopes Ginez de Lara na Escola de Comunicação e Artes da Universidade de São Paulo (ECA/USP).
Paula Perissinotto retomou o processo de organização do acervo físico e digital , em 2020 na teste de doutorado intitulada “Arquivo Vivo: Preservação e expansão da memória cultural no campo da arte e tecnologia“.
A cofundadora do festival idealizou o FILE ARCHIVE e iniciou a adequação do conteúdo físico para disponibilização online por meio de catalogação e digitalização. O projeto também dá continuidade aos encontros FILEALIVE / ARQUIVOVIVO realizados pela organização em março de 2021, que reuniram instituições-chave focadas na preservação e disseminação do conhecimento artístico contemporâneo, como o ISEA Symposium Archives, o Archive of Digital Art e o Ars Electronica Archive.
Durante os encontros online, o professor Dalton Martins do Programa de Pós-graduação em Ciência da Informação (PGGCinf) da Faculdade de Ciência da Informação (FCI) da Universidade de Brasília (UnB) apresentou o software livre TAINACAN como uma alternativa altamente flexível para repositórios digitais. O software de código aberto foi escolhido como a base para gerenciar os dados que organizam e compartilham gradualmente os itens do acervo FILE FESTIVAL de forma acessível e gratuita.
Esse processo de input de dados teve início em 2021 e hoje conta com 5.159 inputs. A instituição tem como proposta disponibilizar todo o conteúdo gerado ao longo de mais de dessas duas décadas de atividade.
Parte das coleções, mais especificamente a coleção Eventos foi adicionada ao Wikidata, um banco de dados multilíngue colaborativo das plataformas Wikimedia que atua como repositório central e conecta coleções por meio da organização unificada dos metadados. Essa linguagem comum possibilitou a interconexão entre bases de dados das instituições parceiras envolvidas no Projeto GLAM (Galleries, Libraries, Archives & Museums) da Wikipédia lusófona, voltado para temas relacionados à arte, cultura e educação.
Paralelamente à digitalização, do acervo físico do festival continua em processo de inventariação e catalogação para futura institucionalização. O FILE acredita que a cessão desse conteúdo contribui diretamente para a circulação da informação especializada e para a criação de novos projetos e pesquisas em arte e cultura no país e que poderia enriquecer eventuais instituições de arte contemporânea.
O FILE ARCHIVE é um projeto em constante atualização à medida que novas informações são inseridas. A cada atualização, ele se estabelece como um recurso expressivo para todos aqueles interessados na trajetória da arte nativa digital desde o início do século XXI.