O Jogo Quase Ideal
Título
O Jogo Quase Ideal
Nome do Grupo
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Nome Artístico
País
Ano (s) / Edição (ões)
2016
Descrição
Ao lermos o texto do filósofo francês Gilles Deleuze sobre o Jogo Ideal, ficamos perplexos quando ele postula como sendo a primeira regra: “não há nenhuma regra”. Logo, todos os demais jogos que possuam alguma regra são, para ele, parciais. Ou seja, derivados do jogo ideal.
Um jogo em que não há regras implica em um jogo totalmente livre criativamente, no qual qualquer coisa pode ser inventada. A questão a ser levantada é a de haver ou não uma região cinza entre o jogo ideal e os jogos parciais, de tal maneira que as regras estabelecidas nos jogos parciais pudessem ser suspensas. Desta maneira, poderíamos desparcializar os jogos aproximando-o do jogo ideal ou uma espécie de jogo quase ideal.
Se retirarmos as regras de um jogo qualquer, significa que este para imediatamente de funcionar, exceto no jogo ideal. Portanto, a pergunta crucial é: como suspender a regra de um jogo de tal maneira que ele possa continuar funcionando? Num jogo de dados, a regra é simples: ao lançar o dado sobre uma superfície, um ou mais jogadores escolhem anteriormente um número. Quando o dado, depois de lançado, para de se mover, o resultado aparece e aquele que escolheu o número resultante é o ganhador.
A solução que demos para um jogo “quase ideal” a partir do jogo de dado foi modificarmos cada componente da regra para que esta se tornasse suspensa.
1- Modificamos a estrutura cúbica do dado de tal maneira que cada face obtivesse um espaço próprio e para que cada ponto dos números respectivos fosse substituído por outros dados, de modo que cada dado pudesse ser lançado neste espaço interno. O dado-ponto pode agora ser lançado no seu espaço interno.
2- Apesar da modificação estrutural do dado, não houve a garantia da suspensão da regra. Foi necessário conceituarmos da mesma forma que Jorge Luis Borges o fez em sua Biblioteca de Babel, no qual cada dado modificado contivesse em si outros dados modificados numa serialização continuada e indeterminada; sem inicio e sem fim. Desta forma, tanto o lançamento do dado quanto o resultado esperado se tornam infactíveis e consequentemente a regra se torna suspensa.
Quando Stephane Marllarme criou a famosa frase de seu poema de mesmo nome “Un Coup de Dés Jamais N’Abolira Le Hasard”, no qual diz que um lançamento do dado nunca abolirá a sorte, podemos dizer que ela estava completamente errada, pois o dado quase ideal mostrou que, se levarmos a sorte ao extremo, ela se torna infactível, portanto a sorte é abolida.
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